Descrição

Num tacho, largo e alto, deita-se o azeite, as cebolas e os alhos e refoga-se, em lume médio, até a cebola ficar transparente. Em seguida, junta-se o tomate, a malagueta, o colorau e o sal e fica a apurar durante cerca de 10 minutos. Depois, junta-se água suficiente para preencher ¾ da capacidade do tacho e os raminhos de poejo e retifica-se o sal.

Quando começar a ferver junte o peixe que deverá cozer em cerca de 10 minutos.
Retira-se o peixe e, quando a temperatura dele o permitir, tira-se a pele e as espinhas e coloca-se por cima do pão que deverá estar num recipiente que possa ir à mesa.

Retira-se o poejo da água e verte-se esta para dentro da taça que tem o pão e o peixe. À parte, frita-se o barbo ou lucio-perca, bem fino, temperado com sal e passado por farinha. Assim que esteja acabado de fritar, borrifa-se com uns pingos de vinagre.

Finalmente pode levar a taça para a mesa, acompanhada de uma travessa com o peixe frito, e está pronto a servir.

Ingredientes

  • Postas grandes de barbo
  • Tomate pelado
  • Cebola, cortadas às rodelas
  • Dentes de alho, picados
  • Pão alentejano, comprado de véspera, e cortado em fatias fininhas
  • Raminhos de Poejo
  • Malagueta (opcional)
  • Colorau
  • Azeite para cobrir o fundo tacho (camada fina)
  • Sal qb

Para o peixe frito

  • barbo ou lucio-perca cortado em postas finas
  • farinha
  • vinagre

Sabia que?

Vila Velha de Ródão tinha no rio Tejo o seu mais valioso recurso. Antes da construção do caminho-de-ferro, o Tejo era muito utilizado como via de comunicação e registava importantes trocas comerciais. No entanto, a navegação na parte alta do curso era bastante perigosa, com bastantes quedas de água e "cachões", pelo que o tráfego fluvial perdeu a sua importância.

O Tejo era também um recurso imenso de alimento piscícola e cinegético. Muitos eram os homens que faziam da pesca a sua fonte de sustento. O tradicional provérbio das gentes de Ródão - "Pescador de cana, fome de esgana" - revela que a pesca à linha não era suficiente para assegurar a sobrevivência da família, pelos que os pescadores tinham de arriscar a sua vida e enfrentar o perigoso rio para garantir comida na mesa. As migas de peixe do rio com poejo, acompanhadas de peixe frito, eram um prato muito característico entre os pescadores e suas famílias, uma vez que habitualmente eram confecionadas pelos pescadores quando andavam na faina piscícola.

A capela de Nossa Senhora do Castelo, já no coração do monumento natural da UNESCO Portas de Ródão, é uma ermida antiquíssima e, devido ao seu historial milagreiro, lugar de culto e devoção de inúmeros fiéis. Contam os antigos que, num inverno rigoroso, um grupo de pescadores se aventurou pelas águas tumultuosas do Tejo em busca de sustento. Quando a morte parecia certa, a santa intercedeu com a sua graça divina e os pescadores foram poupados. Em sua honra, o grupo construiu a dita capela que continua, ainda hoje, a receber centenas de fiéis em busca de proteção, sobretudo na celebração da Festa Nossa Senhora do Castelo que se realiza anualmente a 15 de Agosto.

Mesmo nos tempos que correm, os pescadores que navegam a montante do rio Tejo têm de puxar o barco "à sirga", ou seja, ao longo da margem por meio de cordas, para evitar as zonas de maior turbulência do curso de água.

Na atualidade, as migas de peixe do rio com poejo continuam a ser o prato mais tradicional do concelho de Vila Velha de Ródão. São muito apreciadas um pouco por todo o país, sendo bastante comum a vinda de excursões e grupos para as degustarem nos restaurantes da região. Ressalvamos que, pelo facto de ser um prato confecionado com uma espécie pescada em épocas específicas, os restaurantes funcionam, na sua maioria, com marcação prévia.